Nesta lição aprenderemos sobre um precioso sentido que todos nós possuímos, mas que pelo seu total desconhecimento e consequente desuso está atrofiado.
Felizmente, conforme vamos voltando a usar este sentido, este vai novamente se desenvolvendo e é como se fossemos abrindo gradualmente uma janela em nós mesmos, a qual por muito tempo permaneceu fechada e que agora permite que um pouco de luz entre e ilumine nosso mundo interior, e dessa forma vamos conseguindo enxergar pouco a pouco tudo o que ali existe.

Quanto mais exercitamos este sentido mais a janela se abre e consequentemente mais luz entra, e assim vamos enxergando cada vez mais e mais coisas que até então estavam ocultas e que nem remotamente suspeitávamos que existiam.
Esse sentido é chamado de auto-observação e compreender este tema é fundamental.
Não é possível nos conhecermos a fundo sem utilizar o sentido da auto-observação.

Mas afinal, o que vamos observar em nós?
Através da auto-observação iremos ver e sentir o que se passa nos centros da máquina humana, nos cinco centros inferiores que estudamos na lição anterior.
E como veremos nesta lição, nestes centros a todo instante algo está ocorrendo, e na maioria das vezes sem nosso conhecimento e muito menos consentimento.

E como fazer a auto-observação?

Não há uma técnica para se fazer a auto-observação.
Simplesmente, conhecendo quais são os centros da máquina humana (intelectual – motor – emocional – instintivo – sexual), passamos a observá-los, ou seja, dirigimos nossa atenção para estes centros a fim de percebermos quais sentimentos e pensamentos estão se manifestando ali.

Para isso não é necessário parar de fazer o que estamos fazendo, seja em casa, no trabalho ou em qualquer lugar que se esteja.
Praticando a auto-observação você verá que este sentido nos permite ver e sentir extraordinariamente o que se passa dentro de nós e, ao mesmo tempo, ter total atenção no mundo exterior e ao que estamos fazendo.
Na verdade, como a prática lhe mostrará, se consegue ter muito mais atenção e concentração no que estamos fazendo quando estamos em auto-observação.

Ao dirigir a nossa atenção para nossos centros devemos observar o que está ocorrendo ali.
Quando se está começando a praticar a auto-observação é mais produtivo observar apenas os centros intelectual e emocional, ou seja, nossos pensamentos e sentimentos, pois são através deles que conseguimos perceber mais claramente os nossos defeitos psicológicos em ação.
Conforme o sentido da auto-observação vai se desenvolvendo, vamos passando a perceber a manifestação dos defeitos também nos outros centros (motor, instintivo e sexual).

Vimos na lição anterior que os defeitos psicológicos atuam nos centros da máquina humana nutrindo-se da energia destes centros e causando muitos malefícios físicos e psicológicos.
Quando dizemos atuam, isso significa que provocam, dependendo do centro e da natureza do defeito psicológico, certos tipos de pensamentos, sentimentos etc. às vezes incrivelmente amargos e dolorosos o suficiente para causar um profundo sofrimento.

A título de exemplo, relacionamos abaixo o que podemos observar de mais comum em cada um dos cinco centros da máquina humana:

Centro Intelectual: pensamentos mórbidos e negativos, para com você mesmo e para com as outras pessoas, como a ira, a luxúria, a inveja, a cobiça, a desonestidade, a traição, o roubo, a maledicência etc.

Centro Motor: basicamente neste centro o que podemos observar são movimentos feitos mecanicamente, de forma automática, sem ter atenção sobre eles.

Um exemplo clássico é quando dirigimos um carro e ao mesmo tempo estamos pensando em várias outras coisas e, no entanto, continuamos a trocar as marchas, acelerar, frear etc. tudo feito de forma automática.

Agora podemos nos perguntar: Por que uma pessoa ultrapassa um sinal vermelho sem se dar conta e provoca um acidente? Por que uma pessoa atravessa a rua sem perceber que um carro está vindo em sua direção e é atropelada? Essas coisas só acontecem porque as pessoas não estão conscientes de seus movimentos, de seu centro motor. Precisamos nos esforçar por fazer os movimentos com atenção.

Centro emocional: emoções negativas de todo o tipo como o ódio (ainda que sutilmente disfarçado), a inveja, o medo (não importa do que seja), a angústia, a ansiedade, a impaciência, o apego a coisas e pessoas, preocupações, sentimentos exagerados etc. Um mesmo defeito psicológico pode atuar, por exemplo, primeiro no centro emocional, depois no centro intelectual e em seguida no centro motor.

Por exemplo, quando alguém diz algo que não gostamos. Ficamos bravos (centro emocional) e logo pensamos em reagir ou ficamos pensando em muitas coisas que deveríamos ter falado, feito etc. (centro intelectual). Podemos ficar mais identificados ainda com a situação e fazer gestos ou mesmo brigar.

Observe neste exemplo que toda a máquina humana foi controlada pelo ego como se fosse uma marionete, passando a controlar primeiramente o centro emocional, depois o intelectual e por fim o centro motor. Se estivermos em auto-observação veremos que isso acontece a todo o momento.

Centro Instintivo: neste centro o que observamos é o exagero ou abuso de certos instintos naturais.
Vejamos por exemplo o instinto materno, que faz com que naturalmente uma mãe zele pela sobrevivência de seu filho. O abuso deste instinto seria expresso na forma de uma superproteção por parte da mãe, fazendo com que ela cuide e se preocupe exageradamente com seu filho, mesmo quando este já possui idade suficiente para cuidar de si mesmo.
Mais comum é o abuso do instinto de sobrevivência, que entre outras coisas, nos diz que devemos nos alimentar para sobreviver.
Neste caso os defeitos psicológicos atuam fazendo com que a pessoa se alimente em demasia, comendo muito mais do que necessita para sobreviver. É o conhecido defeito da gula.

Centro sexual: abuso das energias sexuais. A energia criadora do sexo é infinitamente a mais poderosa que possuímos e que o ego gasta bestamente vendo filmes, cenas, anúncios, explicita ou implicitamente pornográficos ou imorais, pensamentos mórbidos, conversas desonestas etc.
O abuso das energias sexuais leva, ao longo do tempo, à impotência sexual.

No começo conseguimos nos auto observar muito pouco, talvez algumas vezes por dia apenas. Isso varia de pessoa para pessoa, depende do quanto está atrofiado este precioso sentido.
Porém, com a prática, esse tempo de auto-observação vai gradualmente aumentando e passamos a nos autoconhecer cada vez mais, jogando mais luz em nosso interior e vendo como realmente somos interiormente.

E quando estamos em auto-observação e percebemos a atuação de algum defeito psicológico, o que fazer para que este seja eliminado?
No decorrer do curso aprenderemos a técnica do morrer psicológico, através da qual podemos eliminar cada defeito psicológico que conseguimos perceber atuando em nós.
Por isso desde já pratique muito a auto-observação, exercite e desenvolva este sentido porque dele dependerá sua mudança interior.